segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Paulino Vieira (3)

Espectáculo no Auditório Nacional, Cidade da Praia, Cabo Verde

À hora marcada, cada um já tinha ocupado o seu lugar. Alguns chegaram cedo, ou para arranjar um lugar cimeiro, ou por medo de não encontrar um lugar vago. Pelos vistos, ninguém queria perder mais esta oportunidade de estar perto do mestre (para mim ele é um maestro, o nosso maestro!!!). Era o segundo espectáculo que ia ter a oportunidade de assistir, sendo que o primeiro tinha sido no festival de Baía das Gatas, em S. Vicente, em 2007.
Quando já haviam passado mais de trinta minutos da hora marcada, já se podia perceber os rostos apreensivos, por causa da ansiedade. E ainda eu me perguntava: será que ele vem? Toy da Luz, reclamava a cada minuto: Se m'sêbia, m’táva oiá nha jogue tê fin".
Nhandinhe foi o último a chegar. Todos já sabiam o motivo: ele tinha que ver o jogo até ao fim. Alguém perguntou: manera k’jogue fka?
- Jogue fka dois zer
, respondeu Nhandinhe. Mais ansiedade ainda. Foi dois zer, um pa Benfica, ote pa Sporting.
- Ahhhhhhhhhh...

Poucos minutos depois, ouviu-se o roncar de alguns instrumentos. Ped Silva exclamou: Aleluia, irmão!
O Palco abriu-se, num momento mágico, o mestre chegou. Papiou, cantou, chorou. Encantou a todos, como só ele sabe fazer. Acompanhado por um elenco de categoria. Nunka vi koiza diferente, exclamou o Naise.
Balta ficou comovido quando o mestre relembrou Luís Morais. Outros artistas foram relembrados. Zêzê di Nha Reinalda emprestou por uns momentos a sua linda voz para engrandecer o espectáculo. O mestre é assim, interage com os que estão presentes, invoca os ausentes. Trata a todos como uma família.
Toy Djack pulou da cadeira quando ouviu "Cezário boka, nariss di klarineti". Carlos de Stanxa Brass fka xatióde mô el kria era ubiba Arbêra d’Pau. Entende-se, sê zona ê perte d’Arbera Funda. Alguem consolou-o, ka valê pena xatia, mi tamben m’kria ubi Nha xika d’Nha Maninha. Deze vess ka da, ta fka pa prós'ma. Carlos raspondê, lá fiei, konpanher.

Longa vida ao mestre da música caboverdiana.

- Ora kbô bai pa Lijboa, bô da keze jente manténha.
- Ez’am d’uvir.


Pareceu-me ouvir Djack Palance exclamar: À volta, cá te espero...

1 comentário:

Anónimo disse...

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