(foto: Picmium)
Trate-me com carinho, meu amado mestre, pois nenhum coração, em todo o mundo, será mais agradecido do que o meu.
Não tente me educar com pancadas, pois embora eu possa lamber-lhes as mãos entre um golpe e outro, a sua paciência e compreensão ensinar-me-ão mais rapidamente que espera que eu aprenda.
Fale-me muito, pois sua voz é a doce música do meu mundo, como pode perceber pelos ardentes sacolejos de minha cauda quando ouço seus passos.
Quando o tempo está frio e chuvoso, conserve-me dentro de casa, pois sou um animal doméstico, sem preparo para enfrentar as intempéries do tempo e a minha maior glória será o privilégio de sentar-me aos seus pés.
Conserve minha vasilha com água fresca, pois, além de não poder reclamar quando ela está seca, também não posso dizer-lhe quando estou com sede.
E, mestre, quando eu estiver bem velhinho, se Deus nosso pai me privar da saúde e da visão, por favor, não me vire as costas.
Faça-me o bem de deixar que a minha vida de dedicação e fidelidade possa se extinguir suavemente e eu o farei sentir, com meu último alento, que sempre me senti seguro em suas mãos.
O Veneta
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